sexta-feira, 28 de março de 2008

Enfim, cinema do bom!

Clássicos e cineastas guiam a mostra de cinema

Uma das características da Nouvelle Vague, a onda do cinema francês que varreu o mundo na década de 50, era justamente a preponderância dos diálogos nos enredos. O roteiro era fundamental e cabia ao diretor, dentro da politique des auteurs inventada por François Truffaut, o papel de maestro da orquestra fílmica. Não é por acaso que a mostra de cinema Olhares, promovida pela Aliança Francesa a partir das 19h de hoje, e em outras sextas dos próximos três meses, seja um convite ao debate; é porque a instituição que representa a França aqui quer incitar os cinéfilos e cineastas locais a (re)descobrirem filmes antigos e contemporâneos e abrir uma janela para discussão.

A estrutura da Olhares é simples: um cineasta convidado escolhe um filme e leva um curta-metragem seu para uma sessão gratuita no auditório André Malraux, com cerca de 120 lugares. Quem abre a mostra é Cláudio Assis, que escolheu Acossado, de Jean-Luc Godard, e traz Soneto do desmantelo blue, rodado por ele em 1993. Segundo Raquel do Monte, curadorada mostra ao lado do realizador Marcelo Pedroso e assessora de comunicação da AF, o ponto de partida foram os realizadores. "Partimos deles e pedimos que escolhessem um filme de sua preferência, que fosse algo bem à vontade mesmo", explica. "E os títulos, que vêm com apoio da Cinemateca da Embaixada da França, serão exibidos em formatos diferentes: uns em DVD, outros em 16mm. Mas todos com legenda em português", complementa.

Em comunicado à imprensa enviado por sua assessoria, o diretor da AF, Jean-Victor Martin, afirma que um dos propósitos da iniciativa é "perceber como os realizadores pernambucanos absorvem e interagem com o cinema produzido na França"; o outro seria também fortalecer o cineclube da instituição. "A atividade cineclubista garante a renovação e circulação de idéias em torno da arte cinematográfica, possibilitando simultaneamente o entretenimento e a discussão", aponta.

Olhares continua em abril com a participação do diretor e roteirista Hilton Lacerda, que escolheu o excelente Reis e rainha,de Arnaud Despleshin, ao lado de A visita, curta seu de 2001. Em maio, haverá dois encontros: no início do mês, Marcelo Gomes debate o árido e contundente A humanidade, de Bruno Dumont, e seu curta Carranca de acrílico azul-piscina (2002); no final, Paulo Caldas fala sobre A mulher do lado, de François Truffaut, e sobre seu curta Chá (1988). Em junho, a mostra se encerra com um dos mais poéticos filmes franceses contemporâneos: Amantes constantes (2005), de Philippe Garrel. A obra foi escolhida pelo diretor Lírio Ferreira, que aproveita para falar de That's a lero-lero (1994), em que revisita a passagem de Orson Welles pelo Recife.

Programação:

Todas as sessões acontecem no Auditório André Malraux, na Aliança Francesa
(Rua Amaro Bezerra, 466, Derby), com legendas em português e entrada franca.
Horário: 19h.
Informações: 3222-0918.

HOJE
Acossado (À bout de souffle, 1960), de Jean-Luc Godard, com Jean-Paul Belmondo e Jean Seberg. Curta-metragem: Soneto do desmantelo blues (1993), de Cláudio Assis.

25 DE ABRIL
Reis e rainha (Rois et reine, 2004), de Arnaud Desplechin, com Emanuelle Devos e Mathieu Amalric. Curta-metragem: A visita (2001), de Hilton Lacerda.

9 DE MAIO
A humanidade (L'humanité, 1999), de Bruno Dumont, com Emmanuel Schotté e Severine Caneele. Curta-metragem: Carranca de acrílico azul-piscina (2002), de Marcelo Gomes.

30 DE MAIO
A mulher do lado (La femme d'à cote, 1981), de François Truffaut, com Gérard Depardieu e Franny Ardant. Curta-metragem pernambucano: Chá (1988), de Paulo Caldas.1

3 DE JUNHO
Amantes constantes (Les amants réguliers, 2005), de Philippe Garrel. Curta-metragem: That's a lero-lero (1994), de Lírio Ferreira.

Fonte: www.pernambuco.com

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